PÉROLA
Há muito tempo atrás, havia dois
reinos um se chamava Dreamland (Terra dos Sonhos) e o outro Terra Rerum (Terra da Realidade). Distantes um do
outro, porém interligados por um grande e imenso mar, o qual se chamava Mare Immemoratio (Mar do Esquecimento) suas águas frias
e geladas, doíam desde os dedos dos pés ao mais profundo e quente coração,
águas bravias e revoltosas que ninguém gostava de navegar, poucos eram os
bravos que se arriscavam a realizar tal façanha. Nesses reinos as pessoas sequer
ousavam pronunciar o nome de lugar tão destruidor.
Em Mare
Immemoratio os sonhos se
afogavam e a realidade era cruel... Águas salgadas de lágrimas, fria de
corações sem vida, sem sentimentos, solitária, pois a solidão e o abandono ali
naufragavam. Solis Rex (Rei
Sol) pouco brilhava, pois a
neblina da tristeza o obscurecia. Quão triste era este cenário... As estrelas
foram apagadas pela escuridão das palavras, palavras de pessoas rancorosas sem
sentimentos, cheias de ódio. A bela Lunae (Lua) sozinha e sem sentido nas
noites escuras era a única que brilhava.
No fundo daquele mar, cujas águas
eram uma perfeita escuridão, havia uma pequena ostra que sobrevivia naquela
imensa destruição, quase não era notada, pois as feras e as bestas do mar a
maltratavam com sua violência, jogando-a de um lado para o outro, violentamente
se chocava nos corais e nas duras pedras. Quanta dor! Quanto desprezo! Nada e
ninguém para ajudá-la e protegê-la, nem sequer conseguia gritar, pois as forças
eram escassas e o conformismo da dor há muito tinham assolado sua existência,
contudo sua hora não chegara, muito havia ainda para viver e aprender. Pobre
ostra... Pobre criatura... Pobre vida...
Certo dia houve uma grande
tempestade! Raios, relâmpagos e trovões, sobrepujavam os céus e assolavam o mar
ricocheteando bravamente nas águas escuras. Areia e mar, um lutava contra o
outro. O mar como um leão bradava e a areia com a ajuda do vento uivava!
Entretanto a soberania deMare Immemoratio vencera Sands Tempus (Areias do
Tempo).
Embaixo daquela disputa infernal a
pequena ostra era espancada e surrada sem piedade, mais uma vez abandonada...
Enquanto o duelo entre os titãs da natureza acontecia, um simples grão de areia
veio em sua direção, infelizmente ao mesmo tempo a pobre ostra abriu sua boca,
estava toda dolorida, iria pedir ajuda socorro “Ajudem-me!” era o seu último
fôlego... Quando de repente o grão, o pequeno grão de areia a feriu mais que
qualquer outro elemento havia ferido.
– Acabou! A oportunidade se foi. Não
tenho mais forças. Morri. _ pensou
a ostra sem nenhum resquício de energia, em sua crença ela havia morrido, e em
profunda dor se isolou e calou-se num sono profundo. Esgotaram-se suas forças.
Pobre Ostra!
Contudo pela misericórdia de um Deus
que se compadeceu de toda sua dor e sofrimento uma esperança brotara no
interior da ostra. Muito tempo depois ela acordara, se sentido diferente, algo
lhe dizia que não era mais a mesma, tudo estava diferente, o sol brilhava no
céu, as águas antes turvas e escuras, frias e geladas estavam cristalinas,
quentes e brilhantes, ela nem reparara em si mesma, vislumbrada com a paisagem
que se descortinava ao seu redor, mal sabia ela que também reluzia naquele
lugar e quem quer que a visse ficaria impressionado com sua aparência, pois
reluzia mais que o sol em dias quentes de verão, estava tão linda! Revigorada
pelo processo de transformação que lhe acontecera, mal sabia ela que do seu
pior momento viria a sua grande salvação.
Deus em seu profundo e imenso amor
tocara-a com o Bálsamo da Vida,
Ele tornou-a mais forte, possuidora de uma nobreza e dignidade invejáveis,
difíceis de serem alcançadas. Ela tornara-se numa fonte de riqueza e alegria a
qualquer ser que por míseros segundos a pudessem contemplá-la. Percebeu que a
dor, o abandono, o desprezo, a solidão e as pancadas foi um duro e imerecido
teste, mas que a fizeram tornar-se mais firme diante das adversidades. Este
processo durou séculos, mas no momento em que fora ferida deu-se início a um
novo ciclo, a uma nova era em sua vida. Percebeu também que não era mais uma
ostra, havia acontecido um milagre, sua ferida cicatrizara e dessa cicatrização
em uma linda pérola se transformara.
Ao avistá-la em Mare Immemoratio um bravo guerreiro com asas
gigantescas estava acompanhado de dois velhos sábios que o guiaram em sua busca
pela pérola mais preciosa que havia no mundo, eles conheciam toda a história
dessa ostra que havia se transformada na lendária Pérola aprisionada por Mare Immemoratio, eles sabiam que para sê-la
resgatada só um bravo guerreiro, experimentado nas batalhas, purificado como o
ouro na fornalha, mas sensível com a beleza da vida poderia salvá-la daquele
mar, e foi que destemidamente ele fizera, a resgatara daquele mar.
Agora sim era possível entender o
duro processo pelo qual aquela ostra passara. Sua história alimentava esperança
aos incrédulos e desanimados, ela fazia com que as pessoas não desistissem de
suas batalhas, pois sabiam que ao final de suas guerras uma linda transformação
aconteceria a eles. Os dois reinos a veneravam e a admiravam e lhe deram até um
nome!
_ Sabe qual?! O Seu!
Eles gritavam, clamavam e cantavam
uma melodia que dizia:
--É ela... É ela! Aquela
pequena ostra, que ferida se tornara nessa linda pérola!
Você é como essa ostra que ferida se tornou nessa linda
pérola!
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